Chegou a hora do regresso, e neste momento sinto-me dividida entre dois mundos, o mundo português da família e amigos e o mundo espanhol de grandes amigos e de um trabalho aliciante.
Existe em mim uma sensação de estranheza quando percorro novamente as ruas da minha cidade... Ouvir o português falado, os pregões das mulheres do bolhão, os idosos em conversa nos jardins, as mesmas coisas nos mesmos lugares, as mesmas rotinas, e estranhamente ter a sensação que nada mudou e que ao mesmo tempo tudo está diferente. Sentir saudades das ruas, dos parques e do frio de Pamplona, e em conversas descontraídas com amigos e conhecidos dar por mim a suspirar de saudade dos momentos que passei em Pamplona.
Irei voltar a Pamplona, mas nada será como os meus primeiros três meses naquela cidade. Fica o sentimento de saudade dos momentos de felicidade que lá vivi, dos amigos que lá criei e sobretudo da mágica proximidade que consegui criar com algumas pessoas mesmo a 800km de distância... Nunca a distância foi tão relativa quanto nos dias de hoje. A proximidade a alguém é a que quisermos independentemente da distância física a que estamos. Ir para o outro lado do oceano já não me assusta mais. Estamos sempre próximos sempre que quisermos!
Tive a oportunidade de ler uma crónica de José Eduardo Agualusa e não pude deixar de fazer uma transposição do que ele diz para a minha vida. "A felicidade não ri às gargalhadas. Não se anuncia com fogo de artifício. (...) Raras são as vezes em que nos apercebemos da felicidade no instante em que somos felizes. A felicidade é um espelho nas mãos de um cego." E, olhando para trás posso dizer que tive muitos e bons momentos de felicidade em Pamplona. Momentos esses que os guardo preciosamente dentro do meu coração. A todos os que lá estão e especialmente aos que me acompanharam até Portugal um grande "bem hajam" por terem contribuído para a minha felicidade!